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04/09/2020 Por ictus Off

LONGEVIDADE: os segredos de Okinawa

Nos últimos 60 anos, a expectativa de vida aumentou em 30 anos no Japão. Seus habitantes vivem, em média, 81,1 anos (77,6 para homens e 84,6 para as mulheres), segundo o Ministério da Saúde do governo japonês, e 73,6 anos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde(que desconta os anos de doença)

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Passar dos 100 anos no Japão não é tão difícil. É um dos países com o maior número de centenários: 17.934 (em uma população de 120 milhões) segundo o ministério da saúde. A maior parte deles está em Okinawa, ilha ao sul do Japão. Nessa ilha, idosos consomem 25% dos níveis do sal e açúcar que costumam ser ingeridos no restante do país. Também comem duas vezes mais peixe e três vezes mais vegetais que os demais nipônicos.

A higiene, segundo um estudo feito pela Universidade de Tóquio, é um dos fatores. Antes de rezar em um templo xintoísta ou budista, as duas maiores religiões do país, os japoneses lavam as mãos em água corrente. Fazem isso há séculos, muito antes da descoberta dos germes e bactérias. A tradição dos templos foi transportada para a vida diária. Os japoneses são obcecados por limpeza. Antes de entrar em casa ou mesmo em algumas empresas, é preciso deixar os sapatos na entrada.

Outro fator é o sistema de saúde, que é universal e se preocupa com a prevenção das doenças. Todos os anos, os habitantes do Japão, japoneses ou estrangeiros, passam por uma rigorosa avaliação médica. A medicina preventiva, além de aumentar a expectativa de vida, é econômica. Entre os países desenvolvidos, o Japão é o que tem o menor custo com saúde.

Os japoneses trabalham por prazer, são condicionados desde pequenos a não encara-lo como algo cansativo ou chato, o que diminui muito o estresse do dia-a-dia quando comparado à rotina de ocidentais. Podem chegar a trabalhar até 14 horas por dia.

Além disso, a convivência com pessoas mais velhas parece acrescentar calma a formação das crianças. O trabalho no Japão é dividido. Ou seja, a mulher tem uma função mais voltada para criar e educar os filhos, enquanto, os homens tem de suprir a parte financeira. Isto diminui o número de responsabilidades individuais, e consequentemente o estresse excessivo observado nos ocidentais, que muitas vezes fazem de tudo um pouco.

Apesar de não haver provas científicas, as maiorias dos especialistas concordam que japoneses vivem também por fatores genéticos. “Ainda não há provas concretas, mas a raça japonesa talvez carregue genes da longevidade”, afirma Kyoji Ikeda, geriatra do Instituto Nacional das Ciências da Longevidade. Isso pode ter ocorrido porque as misturas entre as etnias no Japão são muito poucas. Entretanto estas estatísticas tendem a mudar no Japão futuramente devido ao maior intercâmbio entre as nações.

O livro “The Okinawa Program” fala sobre os idosos da cidade de Okinawa, local do Japão onde existe o maior número de centenários, tratando do assunto de descendência, e afirma que pessoas com antepassados que tiveram vida longa também tendem a viver muito.

Mas, o que precisamos fazer para viver bem? Viver mais com menos incapacidades?

Eis os segredos de Okinawa que seria muito bom aprendermos:

  • Manter-se ativo mesmo após a aposentadoria
  • Fazer exercícios físicos e mentais frequentemente
  • A dieta deve ser pobre em sal, rica em frutas e vegetais, com muita e antioxidantes
  • Consumir mais soja
  • Sempre que possível evitar o stress
  • Comer apenas 80% do necessário
  • Ter bons amigos e formar laços fortes na comunidade
  • Sorrir mais, ser otimista e ter atitude positiva
  • Agradecer pelo que tem, agradecer mais e reclamar menos
  • Viver o presente e não atropelar as etapas da vida
  • Dar sentido à sua vida, ter motivo para se levantar todos os dias

ALIMENTAÇÃO
A comida japonesa é uma das mais saudáveis do mundo

Os japoneses não têm muito tempo para as refeições. O almoço comumente é uma marmita, chamada de “Bentō” . Ela é sempre bem diversificada. Além de muito bonita, colorida e organizada. A lógica é que temos que olhar para a marmita e ter uma certa pena de destruir o trabalho.

A porção é pequena comparada com os padrões brasileiros, mas comemos tão devagar, com tanto prazer, que no fim se está totalmente satisfeito.

A moderação japonesa pode ser conferida no ditado milenar sobre alimentação: “hara hachi bu” (“oito décimos da barriga”). A expressão é uma recomendação para parar de comer no ponto em que faltem 20% para a barriga encher. A ciência já comprovou o ditado, pois a comunicação do estômago com o cérebro demora. Quando sentimos o estômago cheio, na verdade, ele está com 20% a mais de comida.

 Além disso, na cultura japonesa, o que faz bem vem na frente do que é mais saboroso.

“Eles têm consciência de que é preciso tomar alimentos que tenham realmente alguma propriedade interessante do ponto de vista funcional”, diz Glaucia Pastore, cientista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que fez parte do doutorado no Japão.

Já foi provado que a redução de calorias na dieta prolonga a vida de camundongos. O baixo consumo de calorias reduz os efeitos negativos dos radicais livres, moléculas que agem no organismo e que estão envolvidas nos efeitos degenerativos do envelhecimento, incluindo cânceres e problemas do aparelho circulatório.

Em humanos, isso nunca foi testado. Mas uma redução equivalente para o homem seria 1050 a 1570 calorias, metade ou 3/4 das 2100 calorias diárias recomendadas pelos Estados Unidos. Essa quantidade equivaleria à antiga dieta japonesa, composta de peixe, arroz, legumes, verduras, derivados de soja e algas.

Apesar de os nipônicos com menos de 40 anos estarem optando por uma dieta mais ocidentalizada com muita gordura, açúcar e poucos legumes e verduras –, a alimentação continua sendo o fator decisivo para a vida longa japonesa. Isso porque pessoas com mais de 40 anos respondem por metade da população do Japão, e são elas que hoje envelhecem e costumam passar dos 70.

Podemos afirmar que a adoção de uma alimentação rica em peixes e frutos do mar, associado a cereais e hortaliças, constitui-se numa alimentação saudável e, portanto promove uma população com maior longevidade.

Vale ressaltar que a dieta pode trazer alguns anos a mais de vida. Mas redução da mortalidade só acontece com estrutura hospitalar, distribuição de renda, saneamento, campanhas de vacinação e conscientização contra doenças.

 

“ICTUS | O importante é se importar com a vida”